Entrevista: José Carlos Pinto, diretor do Parque Tecnológico da UFRJ, organizador local

Diretor do Parque Tecnológico da UFRJ, José Carlos Pinto é mestre e doutor em Engenharia Química pela Coppe/UFRJ. Foi diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Coppe, de 2013 a 2015, e diretor executivo da Fundação Coppetec, instituição sem fins lucrativos, responsável pelos contratos entre empresas e a Universidade, de 2011 a 2015. Na entrevista, José Carlos fala sobre a conferência, as expectativas, a cidade do Rio de Janeiro e a importância da inovação e do empreendedorismo para o país.

O que motivou o Parque Tecnológico da UFRJ a se lançar como organizador local da 27ª Conferência Anprotec?
A principal motivação é o fato de que esse ano estamos comemorando o aniversário da primeira reunião que resultou na criação da Anprotec. Esse encontro aconteceu no Rio de Janeiro, contou com o apoio da UFRJ e foi a partir dele que teve início a rede de colaboração entre parques e incubadoras.

Qual a expectativa do Parque em relação ao evento?
Acreditamos que será um evento tecnicamente relevante, pois os temas relacionados ao empreendedorismo e a inovação são muito relevantes para o país hoje. Esperamos que tenhamos oportunidades para avançar na discussão da construção de um marco legal técnico que seja mais favorável ao movimento empreendedor brasileiro.

O tema desta edição do Seminário é “Inovação e Empreendedorismo transformando cidades”. Na sua visão, de que forma esse tema se relaciona com o Rio de Janeiro?
O Rio de janeiro recentemente foi palco de grandes eventos internacionais, houve uma grande transformação da cidade e o tema da mobilidade, da comunicação e das melhores condições de vida para o cidadão carioca esteve em foco o tempo todo. Nós achamos que esse tema ilustra de maneira perfeita o momento atual das cidades do mundo e em particular do Rio de Janeiro.

Qual o cenário do empreendedorismo inovador no Rio de Janeiro?
A minha impressão é que o movimento empreendedor no Rio de Janeiro é muito forte do ponto de vista cultural. As instituições se falam, participam, se reúnem, são ativas, mas não é muito diferente do que ocorre no Brasil. Toda essa atividade não significa dizer que nós temos um nível de atividade suficiente ou compatível com o tamanho da economia do Rio de Janeiro e da economia brasileira. Há muito o que fazer nessa área. Se pensarmos em todo o envolvimento das pessoas e das instituições, ainda é feito muito pouco e precisamos escalar o número de movimentos, de empresas, de startups, de incubadoras e de parques trabalhando em rede com apoio governamental.

De que forma a realização do evento pode contribuir para consolidar o movimento na região?
Eu acho que ele pode contribuir muito, pois é um evento de muita visibilidade e que certamente vai atrair a atenção dos diversos níveis de governo, pessoas influentes e importantes para a discussão técnica e legal do empreendedorismo. Acredito que a capacidade de influenciar os processos de tomada de decisão nessa área é grande como também é grande a possibilidade de dar visibilidade à importância dessas atividades para o conjunto da sociedade brasileira.

O que o Rio de Janeiro tem a oferecer aos participantes da Conferência?
O Rio de Janeiro inicia oferecendo o próprio Rio de Janeiro. O Rio é uma cidade fascinante acima de tudo. No setor do empreendedorismo, o Rio de Janeiro tem praticado e procurado desenvolver ações de conexão entre instituições de ciência e tecnologia, instituições do conhecimento como o Museu do Amanhã, ações da prefeitura como o VLT, de mobilidade e de monitoramento. O Rio tem muito a oferecer como exemplo e como um laboratório de onde algumas questões relacionadas ao empreendedorismo e à inovação.

Por que é tão importante falar sobre inovação e empreendedorismo no atual momento do país? De que forma a inovação pode contribuir para o crescimento do Brasil?
A importância é absoluta. O Brasil está entre os últimos países do mundo em qualquer ranking que se faça sobre inovação e empreendedorismo. De alguma forma, o conhecimento gerado nas instituições de pesquisa no Brasil, na academia e nas universidades não chega à sociedade brasileira como um todo e, portanto, deixa de beneficiar o conjunto de contribuintes e cidadãos do país. Por isso, qualquer discussão que se faça sobre empreendedorismo e inovação no Brasil é extremamente importante, pois é apenas a inovação e o empreendedorismo que vão tornar possível o encontro entre o conhecimento gerado na academia, nas universidades e as necessidades reais do cidadão que precisa ter acesso a produtos, tecnologias e novos processos. Além de tudo, é importante dizer que no mundo atual, a economia gira em torno do conhecimento. Um país que pretende avançar precisa pensar na qualidade dos produtos e dos serviços que ele oferece para a sociedade. O empreendedorismo e a inovação têm essa importante missão de embarcar mais tecnologia e mais conhecimento nos nossos produtos e serviços.

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