Na mão de startups, tecnologias ganham novas aplicações para solucionar déficits do agronegócio brasileiro
O número de startups no Brasil cresce a cada ano e, muitas delas, já enxergaram no agronegócio – setor responsável pela maior parcela do PIB brasileiro (23% em 2017) – uma grande oportunidade para inovar e trazer propostas que, além de lucrativas, vão mudar a forma de atuação do setor, tornando-o mais sustentável e responsável.
Para mostrar, na prática, o que está sendo construído no país, o Fórum de Inovação Sebrae, que aconteceu durante a Conferência Anprotec 2018, em Goiânia – GO, contou com três startups que, usando tecnologias já conhecidas, inovaram ao dar a elas novas funções dentro do agronegócio.
Confira as empresas apresentadas e seus cases de sucesso.
Systech Feeder
Imagine poder acompanhar pelo seu próprio celular o desenvolvimento de bezerras da sua fazenda. Saber como está a alimentação delas, entender o comportamento para identificar doenças, medir a altura e pesar sem utilizar balança. Isso já acontece, e a proposta é de uma startup, a Systech Feeder.
A solução surgiu a partir de uma necessidade, um problema identificado na cadeia leiteira. Muitas bezerras não se alimentam corretamente durante os primeiros 60 dias de vida e, por conta disso, desenvolvem doenças e, consequentemente, causam prejuízos para os produtores.
Para tentar solucionar esse problema, a empresa desenvolveu um alimentador inteligente que também faz monitoramento da saúde da bezerra. Todas as informações geradas podem ser acessadas pelo o aplicativo no celular.
O projeto se parece com uma pequena casinha cheia de sensores, e conta com um alimentador que pode ser retirado e higienizado facilmente. Sensores na base fazem a pesagem do animal e os das laterais medem a altura. Além disso, há também um sensor que mede a temperatura do ambiente, o que ajuda o produtor a adaptar melhor o local para que a bezerra tenha um melhor desenvolvimento.
O sensor de alimentação indica o quanto a bezerra está comendo. Quando o animal está com o peso, ideal, comendo o valor certo de concentrado e se desenvolvendo bem, a solução indica que já ele está pronto para o desmame.
A empresa está trabalhando agora em melhorar a solução e implantar novos sensores para avaliar a temperatura corporal sem encostar no animal. Toda tecnologia já passou por testes de campo, mas, necessitam de outros, por isso, a empresa tem buscado novos parceiros.
Biogyn
O perfil do consumidor mudou. Não basta mais produzir muitos alimentos, é necessário produzir alimentos de qualidade, saudáveis, que atendam essa nova demanda de consumo. Atualmente, o Brasil é considerado um dos maiores consumidores de agrotóxicos do mundo. Cerca de 70% dos alimentos consumidos estão contaminados com pesticidas.
Mas, de que forma os produtores podem continuar produzindo cada vez mais alimentos, de boa qualidade e de maneira sustentável? Foi pensando nessa necessidade que três pesquisadoras da Universidade Federal de Goiás decidiram criar microvespas para auxiliar no controle de pragas.
O controle biológico realizado pela microvespa, que tem menos de 1 milímetro de comprimento, é feito de forma controlada pelas pesquisadoras e pelos produtores, e, ao contrário do que muitos imaginam, trata-se de um parasitoide não geneticamente modificado.
A microvespa é coletada no ambiente e criada em grande quantidade para ser liberada no campo. As liberações são realizadas e elas buscam um hospedeiro, que, no caso, são os ovos de mariposas e borboletas, e fazem a ovoposição dentro deles. É um controle realizado antes mesmo da praga causar danos.
Para cada cultura há uma quantidade certa a ser liberada, para o milho, por exemplo, são necessárias 700 mil vespas por hectare. Cada uma delas pode colocar de 30 a 35 ovos por dia.
No ano passado, a startup desenvolveu um teste em campo com um pequeno produtor que, nos anos anteriores tinha realizado o controle de lagartas com agrotóxicos sete vezes durante o ano. Com o controle biológico, não foi necessário uso de agrotóxico nenhuma vez, a praga foi controlada de forma natural e sustentável.
Trata-se de uma inovação segura para o aplicador, o consumidor e também para o ambiente.
Sensix
A última startup do Fórum mostrou como ainda é possível inovar com tecnologias já conhecidas em outras áreas: os drones.
O uso de drones no agronegócio não é novidade. Ao longo dos últimos 10 anos, o setor tenta otimizar a utilização da peça para trazer bons resultados. Pensando em como dar uma nova função ao o equipamento, a Sensix desenvolveu um programa de monitoramento que usa os drones como meio de transporte, gerando indicadores para o produtor.
Os sensores alocados nos drones são capazes de coletar imagens das lavouras para que o sistema possa fazer a análise inteligente dessas imagens. Com essas câmeras, é possível detectar se a planta está estressada antes mesmo delas ficarem amarelas, por exemplo. Com base nas informações da vegetação, é possível procurar por pragas e controlar fazendas com muitos hectares de forma mais fácil e assertiva.
Usar drones aliados a tecnologia de processamento de dados ajuda na rastreabilidade da safra, faz com que o produtor possa acompanhar onde estão os problemas e resolvê-los de forma rápida, sem que ele se espalhe por toda lavoura. A empresa, de quebra, entrega uma tecnologia que pode dar utilidade a muitos drones parados em galpões pelo Brasil.
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