O futuro será das empresas que trabalham para que, além do lucro, seu negócio ajude a impactar socialmente a população e seja sustentável, foi o que afirmaram todos os especialistas que participaram da plenária “Empreendimentos inovadores de impacto” da 26ª Conferência Anprotec. Além disso, o que são negócios de impacto social, como as empresas podem embarcar nesse meio, qual a importância deles e exemplos concretos foram apresentados para os participantes.
Moderando a atividade, a Superintendente Executiva da Anprotec, Sheila Oliveira Pires, explicou que o tema é relativamente novo, mas que, devido ao grande dinamismo do movimento de empreendedorismo inovador sempre haverá desafios inéditos a serem enfrentados, como o caso dos negócios de impacto. “O propósito é sairmos daqui entendendo mais claramente como o nosso ecossistema pode trabalhar nesse sentido”, disse.
Krishna Aum de Faria, Coordenador no Sebrae Nacional do núcleo de inovação responsável pelo Programa Inovação nos Pequenos Negócios e o Programa Inovativa Brasil, explicou que o Sebrae aumenta cada vez mais o seu trabalho com pequenas e médias empresas que atuam no campo de negócios de impacto social. “Entramos nessa agenda para somar e possibilitar que esses negócios não sejam “Hipsters”, mas que sejam “mainstream”. O capitalismo de hoje já está esgotado, empreender para maximizar somente o seu retorno não é mais sustentável. Quem não trabalhar em uma perspectiva mais inclusiva e olhando o entorno e impacto sócio ambiental do seu negócio não vai prosperar ao longo prazo”, explicou o Coordenador.
Na mesma linha, a Diretora Executiva do Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), Celia Cruz, afirmou que cada vez mais o dinheiro de fontes tradicionais é um recurso insuficiente para bancar a inovação. “Precisamos de soluções complexas para os problemas do Brasil e do mundo e nós já temos investidores que querem financiar essas soluções para a população de baixa renda”, contou Celia.
Existem diferentes tipos de capital que podem ser realocados em soluções de problemas sociais. “Pode ser desde uma ONG até um negócio de impacto que distribua dividendos aos seus investidores, um venture capital de impacto”, explicou a Diretora.
Diversos exemplos de empresas brasileiras que possuem tecnologias que podem ser utilizadas para resolver problemas sociais foram citados por Valdemar de Oliveira Neto (Maneto), da WTT Tecnologia e Consultoria. “O que fazemos é identificar parceiros para esses empreendedores e ajuda-los a construir ideias e conceitos”, disse Maneto ao explicar o trabalho da WTT na área de negócios de impacto.
“A grande questão para os investidores é: será que posso apoiar o desenvolvimento de tecnologias para que, além do impacto ambiental e geração de riqueza econômica, elas sejam um modelo de negócio que efetivamente gerem inclusão social? Sim. É possível”, afirmou Maneto.
Muitos empreendedores não sabem que têm um negócio de impacto, foi o que explicou o Especialista Sênior do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Henrique Martins de Araujo. “Se você apoia um negócio que melhora a vida das pessoas, você tem um negócio de impacto”, disse.
Ele ainda explicou a função do BID nesse cenário. “Existe um ecossistema muito amplo que busca apoiar esse tipo de negócio. O BID aposta em fundos de investimento que tem o foco de apoiar negócios de impacto. Fazemos investimento diretos. Desde empresas em estágio inicial até as mais evoluídas. Tentamos trazer mecanismos inovadores que gerem esse impacto e que tragam dinheiro do mercado privado para resolver problemas públicos”, acrescentou.
Sebrae
O tema do debate está diretamente relacionado com o trabalho do Sebrae, foi o que disse a Diretora Técnica da entidade, Heloisa Menezes. “Atuamos de maneira bastante ampla e temos um recorte especial para os negócios de impacto dentro do nosso conjunto de projetos. É um olhar muito específico que está completamente relacionado ao que fazemos por todo o país. O Sebrae tem a capacidade de juntar várias peças e fomentar esse tema, que é essencial nos dias de hoje, um tema de vanguarda”, disse Heloísa.
Na prática
Carolina de Andrade, Diretora Executiva da Social Good, contou o trajeto da entidade, que surgiu há quatro anos com o objetivo de apoiar inovações sociais que usam tecnologia. “Nos inspiramos no campo para entender onde tinha um gap de ideias. Queremos apoiar os empreendedores a desenharem seus modelos de impacto e descobrir quais tecnologias eles devem usar para atingir mais gente”, explicou a Diretora.
Ela deixou um recado para os participantes da Plenária. “Quem quer começar a atuar no tema precisa olhar para fora e traduzir isso numa teoria de mudança. Reflitam sobre o que faz sentido dentro da sua temática. Eu acredito que a aplicação do modelo de impacto serve para todas as organizações que tiverem vontade”, concluiu.