Especialistas debatem ciência, tecnologia e inovação como missão do Estado e da sociedade

A última sessão plenária da Conferência Anprotec 2018 teve como tema “Ciência, Tecnologia e Inovação: missão do Estado e da sociedade”, e contou com o presidente da Academia Brasileira de Ciência (ABC), Luiz Davidovich, e com o diretor de educação e tecnologia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi, como palestrantes, e com a Secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Paraíba, Francilene Garcia, ex-presidente da Anprotec.

Realizada na tarde do dia 19 de setembro, a sessão teve início com a palestra do representante da ABC, que apontou que os estudos científicos começaram tarde no Brasil, devido ao estilo de colonização do país. “A primeira universidade do Brasil teve início no século XX e é incrível o que ela já fez”, disse Davidovich, que também citou o documento Ciência, Tecnologia, Economia e Qualidade de Vida para o Brasil, elaborado pela Academia e entregue aos presidenciáveis do país.

Ao falar sobre os cortes dos investimentos em P,D&I que o Brasil vem sofrendo nos últimos anos, o presidente da ABC apontou que o orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI) para 2019 é de R$ 15,3 bilhões de reais, mas, R$ 5,2 bilhões já estão destinados para reserva de contingência.

De acordo com diversos estudos sobre os impactos dos investimentos em C,T&I, Luiz Davidovich apontou que o valor total gerado pela pesquisa pública é entre de três a oito vezes maior que o valor do investimento; que a taxa de retorno da maior parte dos projetos está entre 20% e 50%, e que de 20% a 75% das inovações não poderiam ter sido desenvolvidas sem a contribuição da pesquisa pública.

“Estamos fazendo pressão. Estivemos lá no ano passado e estaremos de novo. Mas não faz sentido apenas a comunidade cientifica fazer isso. É preciso ter uma ação conjunta, com as indústrias e a sociedade”, enfatizou Davidovich.

Rafael Luchesi também iniciou a sua apresentando falando sobre o contexto histórico do Brasil. “Somos um país de capitalismo e industrialização tardia. Aqui, temos a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, e no restante do mundo temos ciência para progresso da sociedade. Por que não avançamos em inovação?”, perguntou o diretor de educação e tecnologia da CNI, já respondendo: “Porque o dispêndio com ciência não gera alavancagem industrial”.

Segundo ele, inovações combinadas e sinérgicas mudam produtos, processos, e gestão, transformando os modelos de negócio. “Os padrões de consumo, o perfil do emprego, a qualificação, e os estilos de vida estão mudando. Todos os sistemas produtivos estão enfrentando tecnologias disruptivas. Então, a indústria deve estar no epicentro dessas mudanças”, apontou o representante da CNI.

Francilene finalizou a sessão apontando que a educação de qualidade como porta de entrada para se produzir e gerar riquezas nunca foi projeto de nação. “E, se a ciência tem competência para criar fronteira, também precisa ser um projeto de nação, com liderança da sociedade”, concluiu a Secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Paraíba.

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